O Rei Charles, do Reino Unido, foi vaiado e acusado de genocida pela senadora indígena Lidia Thorpe durante uma visita ao Parlamento da Austrália, país colonizado pela coroa britânica, nesta segunda-feira (21/10).
“Vocês cometeram genocídio contra nosso povo. Devolvam nossa terra. Devolvam o que vocês roubaram de nós – nossos ossos, nossos crânios, nossos bebês, nosso povo”, protestou Thorpe, senadora independente e defensora dos direitos indígenas na Austrália.
Charles cumpre cinco dias de viagem diplomática no país que obteve independência em 1901, mas nunca tornou-se uma República plena. O protesto, que exigiu um tratado da monarquia com os povos originários australianos, ocorreu no primeiro dia da agenda de Charles.
Durante o evento, a senadora interrompeu o discurso sobre mudanças climáticas de Charles ao subir no palco clamando “este não é seu país”.“Você destruiu nossa terra. Dê-nos um tratado. Queremos um tratado neste país”, disse ainda.
O ato de Thorpe foi interrompido por agentes de segurança do Parlamento, que a carregaram até a porta da casa. A senadora foi retirada do local ainda em protesto: “esta não é sua terra. Você não é meu rei. Você não é nosso rei. Foda-se a colônia”.
O jornal The Guardian Australia relata que o monarca britânico, no palco ao lado do primeiro-ministro Anthony Albanese, continuou seu discurso “calmamente” enquanto Thorpe era retirada do Parlamento.
Por sua vez, o governante australiano elogiou o envolvimento de Charles na pauta climática e declarou que o monarca “demonstrou grande respeito pelos australianos, mesmo durante os tempos em que debatemos o futuro de nossos próprios arranjos constitucionais e a natureza de nosso relacionamento com a coroa”, disse Albanese.
Já o ex-primeiro-ministro Tony Abbott, monarquista declarado, também estava no Parlamento durante o protesto da senadora indígena e declarou que o ato foi um “exibicionismo político infeliz”.
Segundo o Guardian, os povos indígenas australianos exigem tratados de reparação desde o início da colonização britânica. O apelo foi renovado com a Declaração de Uluru de 2017, que pede representação indígena no Parlamento, consagração na constituição, e os acordos em prol da verdade sobre a violência cometida pelo Reino Unido durante a colonização