Mesmo com o avanço das discussões acerca do conceito de gênero, sexualidade e tudo o que engloba a comunidade LGBTQ+, muitas vezes a informação chega incompleta, errada ou nem chega. O que algumas pessoas consideram o básico, outras consideram totalmente novo e confuso, e por isso é necessário descomplicar os assuntos desde o início.
A dúvida que ronda a diferença entre gênero e sexualidade se faz presente desde sempre. Socialmente, homens cis gays são considerados menos homens, e mulheres cis lésbicas são consideradas menos mulheres. Quando pessoas trans se assumem, é comum que algumas pessoas cis não-ligadas na causa LGBTQ+ entendam que elas sejam homossexuais, como se o gênero e a sexualidade estivessem inerentemente ligados. No entanto, não estão.
O conceito de gênero está diretamente ligado à pessoa e às suas identificações pessoais, e não se afeta necessariamente por questões externas como nome, pronomes ou como a sociedade enxerga este indivíduo. As identificações de gênero mais conhecidas são homem, mulher e não-binárie, mas existem diversas identidades de gênero dentro do guarda-chuva não-binário, como agênero, demigêneros, gênero-fluído, pangênero etc.
Já o conceito de sexualidade, melhor posto como orientação, diz respeito às relações românticas, sexuais, queerplatônicas e que envolvem atração em um geral. Ele se conecta diretamente ao gênero, de modo que a orientação de uma pessoa varia de acordo com o próprio gênero e com o gênero com o qual ela tem interesse em se relacionar de alguma forma.
Por exemplo, um homem que se relaciona apenas com homens é denominado gay, enquanto um homem que se relaciona apenas com mulheres é denominado hétero, e um homem que se relaciona com pessoas de todos os gêneros é multissexual, podendo ser bi, pan etc. Mas, se estamos falando de uma mulher e não de um homem, os termos também não são os mesmos: uma mulher que se relaciona apenas com homens é hétero, e uma mulher que se relaciona apenas com mulheres é lésbica.
O conceito de gênero e o de orientação (sexualidade) se cruzam de acordo com o papel de gênero, isto é, com as expectativas que a sociedade cisheteroallonormativa impõe sobre cada gênero. O gênero masculino, por exemplo, é visto como sendo composto de força, dominância, virilidade e heterossexualidade, e os homens que não apresentam esta característica são vistos como não inteiramente homens, mas sim algo à parte (“bicha”). Apesar disso, apenas a própria pessoa pode denominar seu gênero e sexualidade.
Há ainda muito trabalho a ser feito em relação à desconstrução dos estigmas sobre gênero, sexualidade e todos os assuntos relacionados. A disseminação de informação é um dos principais caminhos para que a sociedade deixe o preconceito de lado e abrace a diversidade, o respeito e a igualdade.