O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva orientou sua delegação, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para rechaçar a inclusão da Venezuela no BRICS, durante a cúpula na Rússia. A informação foi antecipada pela coluna do jornalista Jamil Chade, no portal UOL, ao descrever que o “Brasil insiste que todas as decisões do grupo precisam ser tomadas por consenso”, e nesse sentido, o mandatário “sinaliza um veto ao governo de Nicolás Maduro”.

A adesão de Caracas no grupo econômico foi uma promessa de Maduro durante a campanha eleitoral que o levou à vitória nas eleições realizadas em 28 de julho. Já no fim de agosto, o chanceler venezuelano, Yván Gil, mais uma vez reforçou que seu país “está na órbita do BRICS” e que seu ingresso ao bloco seria uma “mera formalidade”.

“Podemos dizer que a Venezuela está praticamente dentro dos BRICS, enviamos representantes que participam nas comissões do grupo, das cúpulas sobre diferentes temas, de cúpulas de chanceleres nas quais eu participei, e em reuniões diversas. Estamos na órbita do BRICS”, enfatizou o chefe da diplomacia venezuelana, na ocasião.

A cúpula do BRICS ocorre entre esta terça-feira (22/10) e quinta-feira (24/10), na cidade russa de Kazan. O presidente Lula não pôde comparecer devido a um acidente doméstico no domingo (20/10) na residência oficial da Presidência, ocasião em que feriu a cabeça e acabou sendo internado no Hospital Sírio-Libanês. No entanto, o mandatário brasileiro participará do encontro por videoconferência.

A Rússia, que preside os BRICS neste ano, informou que, ao todo, 32 países confirmaram presença na cúpula, sendo 23 chefes de Estado. Dos dez membros plenos, apenas o Brasil e a Arábia Saudita não vão enviar o representante máximo da nação.

Vale lembrar que, apesar da confirmação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, por diversas vezes o mandatário brasileiro declarou não reconhecer o resultado do pleito que elegeu Maduro na disputa eleitoral contra o candidato de extrema direita, Edmundo González Urrutia, que fugiu para a Espanha.

Entretanto, em setembro, Lula afirmou que seu posicionamento em relação ao resultado eleitoral da nação de seu homólogo não afetaria a relação de ambos os países.

“Como eu também não reconheço o fato de a oposição ter ganhado. Ali só tem uma solução: fazer uma nova eleição”, sugeriu a uma rádio de Goiás.

Candidaturas no BRICS

A expectativa de que novos países podem ser aceitos no bloco é alimentada pelo fato de, na cúpula anterior – realizada em Johanesburgo, na África do Sul –, cinco novos países passaram a formar parte do bloco: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.

O BRICS foi fundado em 2009, quando se chamava apenas “BRIC” e era formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, com a inclusão da África do Sul, a sigla ganha a letra S (pelo nome do país em inglês: South Africa) e adquire seu formato atual.

Entre as nações latino-americanas e caribenhas, há outros seis pedidos de adesão, além do apresentado por Caracas. São os casos de Barbados, Bolívia, Colômbia, Cuba, Honduras e Nicarágua.